_habitação e mídias integradas_
_interfaces para comunidades de baixa renda_

Revisão Bibliográfica
A Revisão bibliográfica englobou além outras pesquisas desenvolvidas pelo Nomads.usp correlatas ao tema em questão, uma bibliografia complementar indicada pelo orientador a fim de avançar a discussão conceitual do grupo nessa área.
Introdução
O Design surge com o advento da indústria, marcando a transição da produção para a possibilidade da reprodução dos objetos. Essa vinculação ao processo de industrialização não o coloca como mera conseqüência técnica da indústria, mas como resultado de um conjunto de modificações econômicas e sociais muito mais amplas, essas sim, advindas da Revolução Industrial e que acabaram por alterar de forma bastante brusca as estruturas de vida da época. Dessa forma, apesar de sua vinculação ao processo de industrialização o Design resulta, sobretudo, das alterações da sociedade de então impulsionadas pela indústria. Ao mesmo tempo em que a tecnologia altera as relações sociais a sociedade busca novas soluções tecnológicas que melhor respondam as necessidades dessa sociedade atual, estabelecendo assim uma forte relação de dependência entre essas duas esferas.
De modo análogo, o processo de informatização computacional alterou a comunicação, inseriu as novas mídias no ambiente doméstico e novamente redesenhou e construiu novas relações de convivência e trabalho na sociedade apontando novos rumos. Cada vez mais o Design tem se apropriado das tecnologias de comunicação pra fazer suas proposições. A absorção das mídias como parte integrante do produto salienta uma característica intrínseca ao próprio conceito e função do Design: a produção de meios.
“A estética do final do século passou a ser uma ferramenta que tenta lapidar tudo que já foi discutido e realizado pelo homem. O Design surge no mundo quando o homem começa a fazer suas primeiras ferramentas, e o designer continua a lidar com ferramentas. A diferença é que sua ferramenta hoje é o próprio ato de gerar informação.” (AZEVEDO, 1998).
Na verdade, a reorientação de parte da produção de Design para a criação de objetos midiáticos faz parte de um conjunto muito mais complexo de mudanças ocorridas no cenário contemporâneo e que tem sido responsáveis por grandes alterações no formato familiar, alterando modos de vida e criando novas necessidades. Conforme aponta a demógrafa Elza Berquò: “a queda acentuada da fecundidade, o aumento da longevidade, a crescente inserção da mulher no mercado de trabalho, a liberdade sexual, a fragilidade cada vez maior das uniões, o individualismo acentuado, etc, são tendências que vêm atuando no sentido de alterar o tamanho, a estrutura e a função da família.”
A absorção desses novos equipamentos pelo espaço doméstico, criando novas formas de comunicação, acaba por alterar o próprio caráter da habitação e, de forma progressiva, delinea novas fronteiras para as cidades: “As pessoas estão ligadas com o mundo ao seu redor por meio de várias redes capazes de conferir-lhes mobilidade. Por causa disto, as fronteiras das casas, áreas, cidades, estão se tornando ambíguas. A casa, como a menor célula espacial da sociedade, já está perdendo seu caráter de clausura e se fragmentando e espalhando pela cidade: Isto se deve, sobretudo, à vida familiar flexível e a perda das relações familiares que estão se tornando cada vez mais comuns”. (SHIKATA, 200)
Torna-se bastante visível a eficiência e rapidez que o desenvolvimento dos meios de comunicação alcançaram se comparado com algumas décadas atrás, ainda que uma parcela da população ainda se mantenha a margem desse processo seja por questões econômicas-políticas seja pela pouca familiaridade de algumas gerações com essas tecnologias. Frente a essas questões o grande desafio dos designers que trabalham com projeto de equipamentos com mídias integradas e que tem permeado grande parte do embasamento conceitual dessa produção parece apontar mais para o sentido de se buscar formas mais precisas de inserção dessa tecnologia no cotidiano, mesclando-se a ele, do que buscar exceder ainda  mais a eficiência e a qualidade técnica já alcançadas. Na área científica, diversas são as pesquisas no sentido de se criar novas tecnologias mais eficientes e tecnicamente mais adequadas à finalidade a que se propõem, mas bem poucas são as que tomam como objetivo explorar o uso das mesmas no cotidiano diário que compõe a vida corriqueira das pessoas. Não se trata, dessa forma, de propor formas de comunicação mais eficientes, mas de buscar novas formas de estimular a comunicação. 
Dada a enorme potencialidade das forças criadas resta buscar a medida certa a inseri-las e o rumo certo a direcioná-las para que se realizem de forma espontânea no cotidiano e em consonância com o ritmo da realização das experiências humanas que constroem os modos de vida de cada indivíduo e de cada grupo familiar.